Expressão de Sentimentos


Superação e Realização




O mês de julho de 2009, foi inesquecível, muitas coisas mudaram em minha vida , muitas mudanças aconteceram...mudei de emprego, mudei de cidade, visitei a minha terra natal e o principal meus netos vieram passar as férias comigo. A sensação era de que o olhar de Deus estava voltado para mim...acho que estava mesmo! Ficava pensando se tudo aquilo era verdade, se estava acontecendo comigo mesma ou se era apenas um sonho.


Na verdade desde que cheguei nesse Estado, apesar de algumas dificuldades enfrentadas, sempre percebi a forte presença de Deus em minha vida. Nas viagens que fazia para as comunidades distantes, costumava contemplar as belas paisagens, a impressão que sempre tive, era que o céu, as nuvens, a lua, as estrelas estavam ao alcance de minhas mãos. As nuvens formavam desenhos maravilhosos e quase sempre via a figura de Deus. As pessoas, apesar da extrema pobreza, me passavam paz, tranquilidade, tinham Deus em seus corações, os jovens viam em Deus o caminho a ser seguido. Essa experiência me fez crescer, me fortaleceu, aprendi a enfrentar as adversidades da vida, fui me tornando resiliente. Fui absorvendo com a historia de vida das pessoas a fé e a esperança, me tornei mais humana.






Como num piscar de olhos meses haviam se passado, meses esses que se transformavam em eternidade diante da ausência dos meus familiares tão distantes, pude com essa experiência perceber que somos capazes de amenizar nossos sofrimentos quando nos abrimos a novas descobertas, a ausência não significa perda ou abandono... muitas vezes significa conquista, significa revitalização, renascimento. E foi através dessa vivência, o contato com o outro, partilhando conhecimento, valorizando saberes e experiências, que me descobri, que pude ampliar meu conhecimento e valorização da vida. Percebi que apesar das minhas fraquezas, sou forte e tenho uma enorme capacidade de amar, de sonhar e principalmente de lutar pelos meus sonhos.


E a minha história de vida continua a ser escrita, cada dia me vejo diferente, muitas vezes fragilizadas, envolvida pela grande saudade, outras vezes completamente forte, imbuída em deixar registrada minha marca, através do meu trabalho.
A aceitação do NOVO foi difícil, mas foi aqui que realizei a minha conquista profissional. Quando escolhi essa profissão foi pensando num trabalho que me proporcionasse estar perto das pessoas, que pudesse contribuir para o seu crescimento e autonomia, facilitando o acesso aos direitos e contribuindo para o exercício da Cidadania.
Vivemos numa sociedade marcada por desigualdades, desigualdades estas que colocam em risco o direito das pessoas. Sabemos que as pessoas não estão em situação de risco por gosto ou livre escolha, mas pela falta de oportunidades. Nessa nova experiência, cada dia me deparo com histórias de vida diferenciadas, ouço relatos de superação, de carências e de extrema pobreza. Aprendo com suas linguagens, suas culturas, suas estratégias de sobrevivência. Presencio fé e esperanças, ansiedades e sonhos. Vejo crianças que foram marcadas por abandono, por falta de alimentação e de socorro médico, mas que apesar das barreiras enfrentadas, seus olhos ainda transmitem o brilho da vida e da esperança. Vi nas expressões a beleza que reside no ser humano. Conheci pessoas, que fazem da sua vida uma busca incessante da sobrevivência, e que apesar das mazelas sociais procuram sempre a superação.


Isso tudo me leva a reflexão de que um mundo melhor é possível, mas é preciso nos indignar com as injustiças, não podemos achar que isso é natural, precisamos nos mobilizar, juntar as forças, para que mais pessoas tenham acesso uma vida digna e que tenham oportunidade para o desenvolvimento de habilidades e potencialidades enfim, adquiram autonomia e se desenvolvam plenamente. Este é meu ideal, espero poder contribuir para que esse mundo de paz e justiça aconteça.








A FAMÍLIA É A BASE DE TUDO

Em pleno domingo, estou aqui revendo algumas fotos e vídeos de momentos inesquecíveis junto da minha família e amigos, momentos bons que me dão a certeza de que a vida só é realmente vivida em sua plenitude, quando é possível vivenciarmos esses momentos.

A minha formação sempre teve como base as relações familiares, não aceito a frase dita por algumas pessoas de que “Família só é boa em fotografia” na minha opinião acreditar nisso é negar a si mesmo, se não aceitamos as diferenças das pessoas é porque não nos conhecemos enquanto ser humano, com defeitos e imperfeições, portanto não estamos apto a enfrentar as adversidades do mundo. O respeito às diferenças pressupõe o amor e este é a base de tudo.
Quando penso em Família a exemplifico como uma rosa que tem uma beleza inquestionável, mas que também tem seus espinhos, mas nem assim deixamos de interagir com ela e contemplar sua beleza, aceitamos os seus espinhos, procuramos a melhor forma para alcançá-la e porque não fazer isso com as pessoas, porque não respeitar e procurar entender as suas ações e reações, digo mais, porque não procuramos o que ela tem de melhor, pois com certeza, enxergaremos a sua grandeza e beleza.
Quando era criança e adolescente, me angustiava por não ter junto comigo a minha família sanguínea, me refiro aqui a Pai, Mãe e irmãos, tinha apenas a minha família adotiva e agradecia a Deus por tê-la, mas pensava como seria bom juntar essas famílias e formar uma só. Pensava também, o quanto era privilegiada, porque apesar dos infortúnios da vida (morte da minha mãe e separação do meu pai e irmãos), Deus providenciou um lar e uma família para mim e com certeza para meus irmãos. Portanto, o sentido de família sempre esteve presente na minha vida, falo aqui não só família ligada por laços sanguíneos, mas famílias ligadas por amor, pelo espírito. Família é convivência, porque não dizer é o lugar onde convivem os diferentes, é nela e a partir dela que começamos a escrever nossa história, elaboramos nossos planos e lutamos pelos nossos sonhos.
Família é referência, é base, é encontro e desencontro. Família é conquista, é desafio, é o que nos impulsiona a saltar o mais alto obstáculo, é que nos torna resiliente, nos faz superar todas as mazelas da vida, ela nos fortalece e nos deixa mais perto de Deus.

Apesar de algumas perdas e desencontros familiares, nunca perdi a esperança na família e na vida, pelo contrário, sempre achei que os desencontros não devem apagar o que há de melhor na nossa história. O conhecimento da nossa história é que possibilita o auto conhecimento e direciona nossos caminhos.

Hoje estou distante dos meus familiares, mas me sinto fortalecida porque estou realizando meus sonhos e com certeza criando oportunidade para meus filhos e netos também lutarem por seus ideais e possibilitando uma referência de vida baseado no amor, na luta, na conquista e na esperança.

Voltando para as minhas lembranças, para as fotos e vídeos, percebo que sem essa referência na minha vida, não suportaria a distância e nem teria força para continuar minha jornada.
Obrigada Senhor por ter uma família!!!
Março/2010




A ESSÊNCIA DO CUIDADO

Angustiada com os acontecimentos recentes no mundo, enchentes, terremotos, etc., paro para pensar na falta de cuidado para com o nosso planeta, o mundo está sendo destruído com nossas próprias mãos, estamos nos destruindo, não estamos sendo capazes de ver que a natureza é perfeita, não há necessidade de transformá-la mas sim de cuidá-la. A essência do cuidado deveria estar presente em todo o universo, precisamos cuidar das nossas crianças, dos nossos idosos, da nossa casa, da nossa família, do nosso entorno, precisamos estar atento a tudo, precisamos ver a beleza natural das coisas. A beleza existe em todo o lugar, talvez o que esteja faltando em nós, é a sensibilidade, a capacidade de ver as coisas com o coração, não podemos naturalizar o “feio”, a beleza vai depender do nosso olhar, do nosso agir, que as nossas ações seja de cuidado e de amor. Presenciando toda essa destruição no mundo, me pego a lembrança de momentos de contemplação com a natureza, que tive a oportunidade de vivenciar, principalmente os vivenciados na minha infância, talvez por terem sido momentos de pura inocência e magia e de significado inestimável.
Nasci na cidade de São Sebastião do Uatumã no Amazonas, uma pequena cidade localizada a margem do rio Uatumã, um rio afluente da margem norte do rio Amazonas. Naquela época, a cidade não possuía os benefícios que tem hoje, não tínhamos energia elétrica, portanto não tínhamos acesso a entretenimentos, como televisão e outros, a vida era muito simples, a relação homem natureza era bem mais estreita. Lembro-me de momentos a noite que ficávamos eu e outras crianças e até mesmo adultos a contemplar o céu estrelado, eram tantas as figuras vistas a partir das estrelas, era interessante como nossa imaginação era fértil. Nos dias de luar, a rua virava um palco para as brincadeiras, ali se misturavam crianças, jovens e adultos, eram várias as manifestações, muitas brincadeiras envolviam as diversas faixas etárias, brincávamos de rodas, de esconde-esconde nos quintais, já que o luar nos permitia e quase sempre nos juntávamos para ouvir as estórias contadas pelos mais velhos, entre elas as que mais gostavam, eram sobre as lendas da Amazônia. Durante o dia, o contato com a natureza era mais intenso, com o privilégio de morar à beira rio, podíamos desfrutar de banhos e brincadeiras, com direito a fundo musical que eram entoadas pelas lavadeiras de roupas. O respeito à natureza era perceptível, usufruíamos o que ela nos oferecia com respeito, com amor e com certeza ali a felicidade existia.
Hoje, ao observar a realidade de nossas crianças percebo o quanto fui privilegiada, tive oportunidade de um contato íntimo com a natureza, não havia intermediários, podíamos usufruir o que Deus nos proporcionou sem dispor de meios financeiros. Lembro ainda hoje, na verdade nunca vou esquecer um dos momentos mais bonitos e emocionantes que presenciei na minha infância. A coisa mais comum naquela região é andar de canoa, e nós (minha mãe, minha avó e eu) fazíamos muitas viagens nesse tipo de embarcação. Minha Mãe era viúva, trabalhava com plantação de juta e roça, tínhamos que viajar em média 3 a 4 horas de canoa para chegar ao local de trabalho, lembro que numa dessas viagens fizemos um trajeto diferente, com a enchente era possível navegar por entre a floresta e encurtar o caminho, fizemos várias vezes esse atalho, mas lembro como se fosse hoje a magia daquele lugar, tudo no meu ouvido soava como música, senti uma mistura de medo e euforia, parecia que vários olhares estavam nos observando, mas ao mesmo tempo, a beleza do lugar transmitia uma certa paz, parece que ali o mundo havia parado, olhava pra cima e via árvores enormes que se encontravam com o céu, pássaros que bailavam e cantavam e o barulho do remo ao entrar na água formando ritmos suaves e harmônicos. A água em alguns lugares parecia um espelho que refletiam o azul do céu e o topo das árvores, em outros lugares água era encoberta pela vegetação verde muitas vezes decoradas por garças e outras aves da região. Essa paisagem não sai da minha memória, ali a presença de Deus foi inquestionável.
No decorrer da minha vida fui presenteada por vários momentos como este, tive oportunidade de conhecer lugares que traduzem o principal sentido da vida. Recentemente conheci um lugar que me deixou em êxtase, um lugar que não consigo descrever com palavras, mas com certeza me fez refletir que o mundo foi realmente criado por um ser divino, que teve o cuidado de planejar e esculpir cada detalhe, colocando cada coisa no seu devido lugar. No entanto, nós, os seres humanos não estamos sabendo cuidar do que Deus nos proporcionou, sonhamos com um mundo melhor, mas estamos destruindo nossas florestas, cada vez mais poluímos nossos rios, nossas crianças estão perdendo a inocência, os idosos estão sendo descartados, já não existe o respeito e a solidariedade entre homens e mulheres. Tenho presenciado pessoas que não se importam com as outras, o individualismo está imperando, o que é direito do cidadão está virando mercadoria, os jovens perdem suas referências, crianças estão sendo adultizadas precocemente.
Fico pensando se essa falta de cuidado não passa pela desvalorização das coisas, como podemos valorizar a nossa família, se não conhecemos a nossa história, como valorizamos nossa cidade, nosso país se não conhecemos sua formação e sua cultura. É através do conhecimento que buscamos nossa identidade. Esse conhecimento inclui o conhecimento da nossa própria história, conhecermos a nós mesmos e a tudo que nos rodeia. Precisamos conhecer nossa origem, nossa cultura, para entender e respeitar o mundo e aqueles com quem compartilhamos a vida. Quando valorizamos o mundo, as pessoas, estamos valorizando a vida e conseqüentemente estaremos construindo um mundo melhor, por isso considero urgente e necessário o resgate de valores como cooperação, amizade, companheirismo, reciprocidade, etc. aí então teremos esperança e poderemos sonhar coletivamente com esse mundo de paz tão desejado.

Por: Ana Emilia M. Bezerra

DEUS SEMPRE OLHOU POR MIM




A primeira paisagem é uma fusão de três fotos,  a segunda são de duas fotos, tiradas por mim, da minha terra natal. Fotos estas que traduzem, um pouco da minha história. Este rio, chamado de rio negro (na verdade, rio Uatumã) passa pela minha cidade natal, e marcou muito a minha infância, proporcionando-me momentos de lazer indescritíveis. Lembro-me ainda hoje desse lindo pôr-do-sol, que ao entardecer insistia em mostrar-nos sua beleza, servindo também de inspiração para o bailar dos bôtos cor-de-rosa e tucuchis (boto cinza), que nesse mesmo horário apareciam e mostravam suas habilidades em saltos. Toda a tarde costumava ficar na ribanceira (barranco) contemplando essa beleza enquanto esperava a chegada dos pescadores, que traziam nosso alimento. Ainda guardo estas imagens na minha memória, e o que antes era natural, coisa do dia-a-dia (no meu pensamento de criança), hoje tem significado diferente, de extrema importância para mim. Com certeza aquilo que era naturalizado por mim e pelos outros que ali viviam, não era apenas um fenômeno da natureza, era na verdade uma obra de Deus, iluminando e embelezando nossas vidas e transformando uma vida simples, numa vida cheia de luz, cheia de qualidade.

Nunca esquecerei esses e outros momentos vivenciados naquela pequena cidade, presenciei várias maravilhas da natureza, que com certeza fizeram, em conjunto com o amor que recebi da minha mãe e família adotiva, o meu crescimento e desenvolvimento como ser humano.

Às vezes me vejo relembrando momentos da minha vida, principalmente da minha infância e tenho absoluta certeza que Deus sempre olhou por mim e sempre cuidou de mim. Perdi minha mãe muito cedo, com dois anos de idade, mas ganhei outra que não tenho palavras para descrevê-la. Ela foi e é tudo: Mãe, Pai, Amiga; ela me deu formação, foi e continua sendo meu alicerce. Graças a essa mulher enviada por Deus e que soube guiar meus passos, estou aqui, formei minha família, conduzi minha vida tendo como princípio a IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA, e é com esse pensamento que procuro seguir minha vida e direcionar o caminho da minha família. Hoje, posso dizer com bastante convicção, SOU FELIZ, AMO E SOU AMADA e espero que todos nós que formamos esta Grande Família sempre possamos estar em sintonia, amando, ajudando, partilhando, e compartilhando todos os momentos de nossas vidas, sejam momentos de lazer, alegria, tristeza, etc.

AMO minha família

Por: Ana Emília



UMA PEQUENA PARADA EM OUTRA ESTAÇÃO

Essa minha vinda para esta cidade (Araguaíana-TO, que nem sabia que existia), levou-me a refletir sobre as minhas outras partidas durante esses 47 anos de vida. A primeira com 11 anos de idade, quando sai do aconchego da minha pequena cidade (São Sebastião do Uatumã-AM) e da minha família, para ir para Capital em busca de conhecimento. Nessa época, o adolescente que tinha essa oportunidade era um privilegiado, já que a cidade só possuía escola até o quinto ano admissão (hoje quinta série do ensino fundamental). Para continuar os estudos, tínhamos que deixar para trás as pessoas que amávamos , no meu caso, a pessoa mais importante da minha vida, minha Mãezinha, numa fase que mais precisava dela.

Apesar da necessidade de tê-la por perto, tive que partir em busca de um futuro melhor. Este era o sonho dela e com certeza também o meu. Com dois anos de idade já havia sofrido uma perda (minha mãe biológica) e agora tinha que fazer uma troca, deixar a minha amada Mãe para ir ao encontro de algo que iria determinar meu futuro. Meu Deus! Que troca injusta, porque não ter os dois? Era que costumava me indagar durante um bom tempo. Aos poucos fui me acostumando e todas as férias ia ao encontro da minha cidade Natal e da minha Mãezinha querida. Era tão bom !!!

Mas a minha parada na capital Amazonense, não era definitiva... É, mais uma vez tinha que continuar minha viagem. Com 21 anos, casada, com uma filha, tive que novamente deixar minha família e parentes para seguir em frente. Agora, não podia pensar só em mim, tinha marido e filha e as coisas por lá não estavam tão boas. Então lá fomos nós para mais distante dos meus familiares, porém mais próximos da família dele. Vim então para o Nordeste, ao encontro do desconhecido...como foi difícil!!!

Foi pra mim uma mudança brusca, outra cultura, outros costumes...meu Deus! Como sofri, foram noites e noites de choro abafados no travesseiro, me sentia muito só, mas não queria que ninguém soubesse, afinal, não fui forçada a nada, foi a minha escolha, e com o meu marido estava disposta a ir para qualquer lugar. Para isso, novamente tive que fazer escolhas, e novamente fui me habituando a uma nova vida e fui me acostumando com a minha nova família. A parada nesta estação (Maceió-AL) durou 26 anos de minha vida, nesse período construi minha vida, criei meus filhos, amadureci, conquistei amigos, fui amada e aprendi amar a todos, respeitando suas diferenças. Nesse lugar, recebi um lindo presente (meu amado neto Guilherme), foi aqui que percebi, que o que tanto minha mãe queria e que também eu almejava, estava ali, naquele lugar, naquele sítio. Vivi, neste lugar os mais belos momentos da minha vida, momentos de felicidade que jamais serão esquecidos. E esses belos momentos foram construídos por todos da minha família (aqui incluindo parentes e amigos).

Apesar disso tudo, de repente percebi que nem tudo estava tão perfeito, novos desafios foram colocados na minha vida, algumas coisas não estavam no lugar e precisavam ser arrumadas, e como num piscar de olhos me vejo partindo para outra estação. Novamente, a decisão, a escolha e o sofrimento, ainda não era o meu momento de parar, ainda precisava seguir em frente, precisava reparar alguns erros (erros cometidos talvez por mim, no percorrer desses longos anos).

Assim, aqui estou, longe de todos que amo, mas, confiante de que esta vai ser apenas uma pequena parada, apenas para conseguir algo que me traga paz e que possibilite curtir a minha velhice com qualidade de vida, a final de contas, o meu lugar é perto dos meus filhos e netos e todos desta família que tanto amo.

O meu objetivo é este, VOLTAR, não sei ainda quanto tempo vou ficar nesta estação, mais de uma coisa tenho certeza, não quero mais deixar pra trás as pessoas que amo, porque sem elas me sinto incompleta, e a incompletude não vai me trazer felicidade, e se não conseguir ser feliz não vou estar alcançando o objetivo que tanto minha mãezinha desejou para mim e o objetivo que resolvi conquistar desde que sai da minha terra Natal, aos 11 anos de Idade.

Até breve meus Amores.
Ana Emilia


PURA EMOÇÃO
Falar sobre o Gui, é falar do que há de mais belo na natureza, ”O ser Criança” que nos comove, que nos impressiona, que nos surpreende, A criança possibilita revermos nossas atitudes, nos faz mais corajosos, mais persistentes e mais felizes.

O convívio com uma criança, com certeza, nos deixa mais sensíveis, nos faz perceber o que está oculto perante nossos olhos, não nos deixa naturalizar o feio, os problemas, a miséria do mundo, pelo contrário, ela, a criança, nos dá força para lutarmos contra as injustiças, os problemas tornam-se pequenos, nada que não possa ser resolvido, por que passamos a ver e a querer um mundo muito melhor. A criança nos permite continuar sonhando, renova nossas energias e mantêm viva nossas esperanças.

É... são esses os meus sentimentos, pois através e a partir do nosso pequenino Guilherme, muitas coisas mudaram em nossas vidas, a nossa rotina mudou, agora, temos que nos adequar as suas exigências pensar nos seu bem estar, no seu conforto, por que se ele estiver bem, nós também estaremos bem (tenho certeza que esse é o sentimento de todos aqui de casa).

Falar hoje sobre o Gui, no seu aniversário, me faz relembrar há dois anos atrás, quando ele nasceu. Esse dia foi de “pura emoção”, estava Eu no corredor do Hospital Universitário, aguardando sua chegada, estava muito preocupada, angustiada, com medo do que poderia acontecer com minha filha e com meu netinho, quando, de repente, ouvi o anúncio da sua chegada, era Ele, o meu amado Gui, chorando, avisando que já estava ali. O que nos separava era, apenas, uma parede, meus pensamentos estavam embaralhados, confusos, se misturavam com minhas emoções, até que uma pessoa veio me dizer que estava tudo bem, eles estavam bem!!!. Fiquei novamente sozinha com minhas emoções, avisei a família e continuei ali ansiosa para vê-lo, quando, para minha surpresa, a porta se abre e lá estava ele, na minha frente, enrolado num pano verde, ainda sujinho do parto.

Recebi o meu presente, o pequenino Gui, veio ficar comigo enquanto aguardava o primeiro banho...a emoção que senti naquele momento não dá pra descrever, fiquei “abobalhada”, aquele momento era só nosso, meu e do Gui, fiquei ali a contemplá-lo...Eu, que gosto tanto de fotografia, não registrei aquele momento, na verdade agora sei que realmente não era para ser registrado em fotografia, não podia perder tempo, tinha que aproveitar o momento para admirá-lo. O registro estará sempre guardado na minha memória, e só eu posso lembrar aquele momento mágico e de Pura Emoção.

Hoje quando Gui completa dois anos, quero lhe dizer, obrigada, meu amado neto, por você fazer parte da minha vida e completar minha felicidade, que Deus te proteja e te cubra de felicidade.

Te amo muito!!!!!
Sua vovozinha.
Ana Emilia
Maceió, 09/11/2007


ANTES QUE ELES CRESÇAM 
                                            (Autor: Affonso Romano de Sant'Anna )



Este texto não é meu, me identifiquei com ele e resolvi postar.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos.

É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.

Crescem sem pedir licença à vida.

Crescem com uma estridência alegre e, às vezes com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente.

Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maneira que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?

Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?

A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça...

Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes e cabelos longos, soltos.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com uniforme de sua geração.

Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas.

E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros.

Principalmente com os erros que esperamos que não se repitam.

Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos filhos.

Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas.

Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô.

Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores.

Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao shopping, não lhes demos suficientes hamburgueres e refrigerantes, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.

Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.

No princípio iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhos.

Sim havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.

Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.

Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".

Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade.

E que a conquistem do modo mais completo possível.

O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos.

O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.

Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.

Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.


“SABORES E DESSABORES”



O primeiro contato com a escola, com 5 anos de idade, não foi exatamente pela busca da leitura ou escrita, mas pela deliciosa sopa que serviam na merenda. Minha mãe era a pessoa responsável pelos alimentos enviados pelo governo, e organizava o cardápio. Nos dias de sopa, lá estava eu filando a merenda dos alunos; em troca levava alguns legumes e verduras da horta de minha casa.
Enquanto isso, minha mãe tentava me ensinar em casa, o alfabeto. Sabia na “ponta da língua” o nome das letras de forma corrida, mas não sabia identificá-las alternadamente. Na tentativa de ajudar usava como método, pedaços de papel com um buraco no meio, colocava em cima das letras e perguntava: que letra é essa? – na minha cabeça era a maior confusão, o “m” e o “n”, o “p” e o “q”, para mim não tinha diferença.

Com 6 anos, apesar de não ser permitido, fui para escola como observadora, ou seja, não fui matriculada, já que só era permitido a matrícula com 7 anos. Na escola, a leitura se deu como ensaio de um coral, repetíamos várias vezes em tom alto as palavras escritas no quadro, que saiam como música.

A matemática, que agora considero a matéria mais atrativa, era o terror dos alunos, existia a tal “maratona”, onde fazíamos um círculo e a professora saía perguntando. O aluno que errava levava palmada com palmatória*, do colega que acertava. Todos se esforçavam o máximo para não apanhar, mas chegou o dia que errei o “9 x 7”, e o colega que acertou teve que bater na minha mão - só que bateu devagar- a professora não se conformou e pediu a mão dele para ensiná-lo, e o fez repetir em minha mão. Sai aos choro pela rua, com a mão avermelhada. Nesse dia foi maior reboliço, minha mãe ficou revoltada e procurou a professora dizendo que sabia fazer uso da palmatória e gostaria de mostrá-la.
Com esse episódio troquei de professora, que apesar de mais carinhosa, utilizava os mesmos métodos: o da palmatória e o de ficar de joelho na porta da sala, para que todos que passassem na rua, visse o aluno mal comportado.
Com esse método de ensino humilhante e violento se deu a minha passagem na escola de 1ª a 4ª série, a parte atrativa vinha da deliciosa merenda e dos eventos realizados nas datas comemorativas.
O período de 5ª ao 2º grau se deu de forma mais amena, mas o ato de aprendizagem continuou o mesmo: mecânico e autoritário.
Hoje, quando avalio a metodologia de ensino vejo nitidamente a diferença entre o ensino, da rede pública, daqueles tempos, com o de hoje. Percebe-se através da leitura e a escrita, que apesar da violência e autoritarismo, o resultado era satisfatório. Aí me pergunto: Porque hoje, apesar da liberdade e da modernização na metodologia de ensino, a aprendizagem é tão precária?
Ana Emília M. Bezerra